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PRR: Digitalização do cinema português é oportunidade inédita de divulgação – Cinemateca

“Há um potencial enorme deste património para ser conhecido e desejado pela população. O que se trata agora é de responder a essa possibilidade”, adiantou o diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, numa sessão de apresentação, hoje, em Lisboa, dos investimentos previstos no PRR para a área da Cultura.

Segundo o PRR, serão disponibilizados dez milhões de euros para a compra de equipamento e aquisição de serviços para digitalizar um milhar de filmes portugueses, entre longas e curtas-metragens, “originalmente produzidas/exibidas em película”.

Haverá ainda 900.000 euros destinados à modernização do Arquivo Nacional da Imagem em Movimento, dependente da Cinemateca Portuguesa.

José Manuel Costa sublinhou que o plano de digitalização é para pôr o cinema português “a circular intensamente fora da Cinemateca”, num processo que só funcionará em articulação com a modernização tecnológica – também prevista no PRR – dos teatros e cineteatros do país.

“O objetivo é que nem mais um filme fique fora do circuito de distribuição e exibição em todos os níveis que o compõem hoje. Que não haja mais filmes que só possam ser exibidos na Cinemateca. Haja vontade de ver os filmes, haja programadores que os programem, haja comunidades”, disse.

O diretor da Cinemateca Portuguesa explicou ainda que o plano abrangerá “todo o universo das longas-metragens ainda não digitalizadas”, ou seja 460 títulos produzidos desde 1920 até 2010.

Serão também digitalizadas algumas centenas das 13.500 curtas-metragens que estão em arquivo na Cinemateca, “de toda a espécie e tipologia de produção”.

“Na última década tínhamos conseguido digitalizar 53 filmes. Há mais 68 ‘longas’ que estão agora a ser digitalizadas no projeto ‘Filmar’”, contabilizou. Com o investimento do PRR, é dado “um pulo enorme e absolutamente crucial”.

Segundo José Manuel Costa, a digitalização em alta definição de uma longa-metragem custará, em média, entre 13.000 e 15.000 euros.

Se um distribuidor estiver interessado em exibir um determinado filme, o Estado entregar-lhe-a uma matriz digital, mediante um pagamento, de cerca de mil euros.

“No caso de não haver um distribuidor credenciado com capacidade para distribuir, e para que não fique nenhum filme de fora, a Cinemateca propõe-se entrar num pequeno circuito de distribuição próprio”, revelou José Manuel Costa.

Apesar de o cinema português ter uma baixa quota de audiência no circuito comercial, José Manuel Costa sublinha a possibilidade de os filmes poderem ser exibidos “intensamente no país” e “em simultâneo em várias salas”.

Segundo dados do Instituto do Cinema e Audiovisual, antes da pandemia, em 2019, a quota de mercado do cinema português, em matéria de audiência, foi de apenas 4,5% do total, ou seja, 698.918 espectadores, dos 15,5 milhões de registados.

“Não estou a querer simplificar que todas as obras do cinema português vão ser avidamente desejadas, pedidas por todos os programadores e salas, mas estou convencido de que há uma razão acrescida que leve a que esse património seja muito solicitado”, acredita José Manuel Costa.

A 13 de janeiro, a Cinemateca Portuguesa organizará uma jornada nos espaços do ANIM, em Bucelas (Loures), para explicar à “comunidade cinematográfica” como será o processo de digitalização previsto.

SS // MAG

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